sexta-feira, 31 de maio de 2013

Capítulo 2 (A descoberta)


  
Capítulo 2 (A descoberta)



- Noite braba de grande.
-pra mim foi uma noite daquelas, a tempo que eu não me divertia tanto, cara! nunca vi tantos parentes juntos.
-É, pena que muitos não vieram, ontem foi aniversário da morte de tio jaime, por isso, faltou quase todo mundo da casa de tia Lourdes.
-mas jaiminho tava aqui, ele não ia perder por nada essa farra.
-Farra? tú tem cada uma, não teve forró, arrastapé, só conversa fiada e mentira, e tú chama de farra?
- Para com isso Micau, vai me dizer, que tú não se divertiu?
- mas daí a chamar de farra, foi uma diversão familiar... diz uma coisa, aquelas matas depois da tua casa, o que tem pra lá?
- Cara! tem uns dispenhadeiros, que dá medo até de ir, tem uma rocinha de cacau dentro da mata, que apenas umtrabalhador faz todo o serviço dentro de meio dia, de tão pequena que é,ele mesmo colhe o cacau,bandeira, quebra e traz pra secar, depois da mata, tem a fazendinha de Joana, a gente chama lá de vai quem quer.
- Mas quem é esse trabalhador que cuida dessa rocinha?
-É Zelito.
-Netinho, tú pode me levar pra conhecer essas roças do lado de lá, eu sempre tive curiosidade, desde pequeno que sempre morei em ibirapitanga, nunca tive acesso às roças de vovô Braulino, já que hoje é domingo e eu tô por aqui, vou aproveitar.
-É! tú tá aqui hoje, eu tô aqui desde que começou minhas férias, e tú aínda quer que eu me embrenhe dentro dessas matas quase na hora de ir embora?
- Faz de conta que é tua ultima aventura nessas férias.
-Férias de junho, mês chuvoso e tú quer aventura? Só rindo.
- Aventura com chuva.
- Vamos lá então, mas calça um apatão de borracha, pode ter cobra no caminho.
- O que tem muito por aqui é pedra, trabalhador de roça sofre mesmo, pra pegar os cacaus que caem lá embaixo deve ser difício.
- Rá rá rá, usa bemtua inteligencia no teu curso de advocacia cara! cada um, usa a inteligencia como lhe convém, sabe uma vara de podão?
- Claro que sei, tá me chamando do que? moro em Ibirapitanga, não moro em São Paulo não.
- por Falar em São paulo, vou te contar uma história depois, então, os cacaus que caem lá em baixo, quem tá banddeirando, põem um podão velho numa vara daquela quebrada no tamanho que lhe agrada, uns maiores, outros menores...
- Entendi, aí, eles pegam o cacau com o podão, mas painho falava que não pode furar o cacau senão ele fica ruim pra quebrar depois.
-Então? ninguém gosta de furar o cacau, ou bandeirar com ponta de facão por exemplo, pois quando tem muito cacau pra colher, geralmente demora uma semana ou mais,aí, o cacau furado mucha, muchando, fica muito difício pra quebrar depois, mas numa situação de nescessidade...
- Já vi que não entendo mesmo de roça, onde é o pé de jabuticaba que falaram que tem por aqui por essa roça.
- Fica lá no relique, a entrada era lá atrás nas pedras à esquerda, dalí uns 500 metros, mas nesse tempo não tem jabuticaba não, o tempo dela é em Janeiro, no verão.
-Essa ladeira não acaba mais não?
- Tú quer ir onde? na rocinha de dentro da mata, ou no vai quem quer?
- Por que vai quem quer?
- Poruqe só quem quer vai lá ora bolas...
.. É o seguinte, o caminho pra ir pra lá, entra lá em Mil, na bifurcação da estrada, mas como é muito longe, fizeram um atalho por dentro da mata.
- Não vamos no tal vai quem qeur não, vamos até na mata mesmo.
- Boa escolha, eu já tava mesmo cansado, esse caminho molhado e escorregadio, mas não é fácil ir na rocinha da mata também não, a gente sai da trilha logo ali, e o caminho pra lá é difícil.
-Esse sapatão tá fazendo calo no meu pé, já tá perto?
- Ta sim, é logo alí, antes daquela árvore caida no caminho que a gente entra pra esquerda.
- Esse caminho é ruim mesmo.
- Cara! nem burro vai lá, ele fica aqui,e Zelito faz tudo sozinho, é uma rocinha de nada.
- Pera aí Neto, o que é aquilo alí?
- O que?
- Olha lá, tá vendo aquele mato verde rasteiro alí?
- Deve ser alguma erva daninha que nasce por causa da chuva.
- Não é não, eu conheço aquilo, éuma plantação de maconha, vamos lá perto ver?
- Tú é doido, se for plantação de maconha, quem plantou deve tá de olho em tudo, principalmente, porque sabe que ia tá muita gente aqui esse final de semana.
- Mas só sabem que a gente ia tá aqui, os trabalhadores de vovô e os mais chegados, outras pessoas não... só se for... alguém que trabalha com vovô, ou bem perto dele.
- De qualquer jeito, é arriscado a gente tá de bobeira aqui.
- Vamos ver de perto pra ter certeza, se for mesmo maconha, a gente se manda...
... Netinho, isso com certeza é maconha, claro que esses pés são mudas novinhas, mas que é maconha,disso eu tenho certeza.
- Micau, olha  alí.
- Jesus, vamos dar o fora daqui, efalar com vovô, talvez, seja esse Zelito mesmo que tá plantando maconha aqui, ele é de confiança?
- Bom! ninguém nunca ouviu falar nada dele, a muito tempo que ele trabalha com o véi Braulino, se ele tivesse aprontando alguma coisa, com certeza Baiaco sabia.
- E se Baiaco  tiver envolvido com ele?
- Ah não! por ele eu ponho minha mão no fogo, o problema dele é cachaça, mas outras drogas não, mas vamos fazer assim, não vamos falar com ninguém...
- Fica tranquilo, eu que te peço pra não falar com ninguém, eu vou falar com vovô e tú vai confirmar, vou encinar a elecomo descobrir tudo, opa!!!!
-Cuidado, tú vai cair embrenhado na pedras, e vai morrer antes de saber de quem é essa maconha, rá rá rá.
- Tú rir né? eu tô muito é assutado.
- Quer que eu faça o que? quer que eu chore?
- Vem vindo alguém, quem será? será que é o dono das maconhas?
- Fica frio, ninguém sabe que a gente sabe, pelo menos por enquanto.
- Bom dia.
- Bom dia Vitalino, o que tá fazendo pra essas bandas,Micau ficou com medo de tú, rá rá rá.
- Tá todo mundo procurando vocês, sumiram cedo e por causa da chuva, o povo tá indo embora mais cedo.
- E como táu soube que a genta tava pro lado de cá?
- Rico de Jerônimo ouviu vocês conversando de ir no vai quem quer, aí eu vir atrás de vocês pra cá.
- Hum! Vovô vai pra Itamarati também?
- Não, ele vai na semana que vem, quando começa as aulas dos meninos, já foi quase todo mundo, só tem dois carros pra ir agora, não foram ainda,porque vocês não tinham chegado.
- Eu não vouhoje também não, vou na quarta feira, quando tio Rose for eu pego uma carona com ele até itamarati, e vou de onibus pra Ibirapitanga.
- Você vai voltar pra sede com a gente Vitalino?
- Vou sim.
- Então vamos lá, tem umcaminho mais perto, sem ser lá por tio Rose, não tem?
- Daqui a distancia é a mesma, mas tem um caminho pelo relique, só que lá por rose, o cam inho é bemmelhor, aqui por dentro é picada, e cheio de cobras.
- É que essa bota tá me aguniando, tô cheio de calos.
- É doutor, advogado não sabe o que é vida dura de trabalhador de roça não.
- Ainda não sou advogado, mas tenho certeza,que serei um bom advogado.
- Eu vou ficar por aqui,tú vai com Vitalino, que masi tarde eu chego lá.
- De jeito nenhum, tú vai comigo. esqueceu do nosso trato.
- Que trato?
- Trato nenhum, mas de qualquer forma, vamos com a gente, oi tia Nai, prepara a boia, que mais tarde eu venho almoçar aqui.
- Tú não vai embora não?
- Vou não, eu quase não venho pro lado de cá, já que vocês vão embora na quarta feira, eu vou ficar e ir com vocês.
- porque não já fica logo e espera pra almoçar?
-Preciso ir lá em baixo falr com o pessoal e com vovô, mas eu volto.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Capítulo 2 (O churrasco)


Capítulo 2 (O Churrasco)



- Então tú acha que rose é igual ao pai?
- Acho não, tenho ceteza.
Eu não acredito nisso, pra Rose namorar contigo, a gente tinha que ficar icentivando
- Conta isso pra gente Del.
- Tudo vocês querem saber, essas férias tá mesmo entusiasmante.
- É assim, quando éramos crianças, não tínhamos nenhuma curiosidade,agora que estamos maiores, ficamos curiosos pra sber do passado, vai dizer, que tú também, não gostava de saber como era o passado do véi Graciliano mas a véa Madalena?
- tá bom seus moleques, vocês me convenceram(risos), Rose ia lá pra casa, e ficava conversando com pai, Nai ficava lá dentro fazendo café, aí a gente dava um jeito, de levar eles pro terreiro, onde tinha uma madeira grande, que a gente usava pra sentar e cantar cirando todo noite, as meninas da vizinhança vinham e nesse meio tempo, Rose mas nai sntava no banco, mas não perto um do outro, aí as meninas, já com binado, sentavam tudo entre os dois, aí, eu dava um jeito, de querer que as meninas entassem perto uma da outra, então, a gente ia empurrando os dois um pra junto do outro... quando os dois tava juntos, a gente iventava alguma coisa atrás da casa, e deixava os dois sozinhos...
-Tú fica aí iventando besteiras e enchendo a cabeça dos meninos.
- continua Del, tá ficando interessante, mainha vai dizer pra gente, que não namorava(risos).
- Não é que eu não namorava, é que eu era decente, eu não dava em cima de rose, como umas e outras dava em cima de Tiba, agora tá aí, vive num brigueiro que só,apanhando feito mala velha.
- Tá falando o que não sabe, eu não dava em cima dele, eu apenas me insinuava, um matuto, que nunca nem tinha namorado, quando me viu assim, b onitinha, morando na cidade, ia lá em casa pra me paquerar e ficva com vergonha, aí, uma dia, eu dei a volta no quintal, e ataquei ele na saida, mas só dei um beijo mesmo, depois desse dia, ele tomou  corgem, e me pediu em casamento.
-Aí casaram, e logo nos primeiros dias, começaram o brigueiro.
- Ignorante, matuto, acha que só o homem pode tudo...
- E o que deu no namoro de Nai e Rose?
- Vamos parar com essa conversa, tá ficando tarde, e tem muita coisa pra fazer ainda.
- Gente gente, olha quem tá chegando?
- Poxa jaiminho! tú não falou que não ia vir mais aqui?
- Então, tio rose me falou que essa semana vocês iam embora, aí, eu falei com mainha e vir pra cá.
-mas a gente vai embora na outra semana ainda, acho que na quarta ou quinta feira, Renilvaldo deve vir pra cá na sexta, sábado, vovô vai teerminar de contar a história da vida dele pra gente.
- Tamos sabendo, aliás, todo mundo já sabe dessa história, e, á tô sabendo, que no sábado vai ter até carne assda lá em baixo?
- Como é isso? eu fiquei curioso sobre como ele ficou rico, e agora todo mundo quer saber, todo mundo quer participar da minha curiosidade, quem espalhou isso?
- Bom, eu soube pela boca de Zeilda, que soube pela boca de Jeremias.
- Jeremias veio aqui em casa outro dia, e falou que era pra gente esperar até essa semana, que não dava pra ele contar pra gente no sábado, inclusive, ele me falou, que vocês iampr alá no sábado também, Renilvaldo ia  vir mas Rico, mas por causa da chuva, eles não vieram, mas mandaram dizer, que vinham na quarta feira.
- Então, vovô falou, que nesse sábado, via fazer um churrasco o dia todo, convidou um monte de gente, pra contar essa história, até tua paixão vai tá aqui.
- Quem é minha paixão?
- vai me dizer,que Ilma não é tua paixão?
- Quem te falou isso?
- vera de guinho, que espalhou isso lá em casa.
-Mentira! ela que fica com essas coisas, de que eu tenho que namorar com Ilma, agora, Tia Lourdes do jeito que gosta de tirar sarro, vai ficar me enchendo o saco. Mas o pessoal de tio Vade vem todo mundo?
-Não sei se vem todo mundo, mas como vovô mandou matar um garrotte, vai ter muita gente, até quemnão é da família vem, afinal, comida de graça todo mundo quer.
- As coisas acontecendo lá em baixo, e a gente aqui nesse canto sem saber de nada
- Tú lembra quando mainha foi pro Belem? a gente ficou tudo aqui na tua casa, tinha um pé de cereja alí em baixo que a gente amarrava uma corda e fazia balanço, era tão bom quando a gente era pequeno.
-E por acaso vocês são grandes?
- Falo pequeno, em relação a hoje, naquele tempo tia nai, vocês moravam aqui na roça e era tão legal.
- É, e por causa dessa época, que viviam tudo junto, agté hoje ninguém me chama de mãe nem Rose de pai.
-Pera aí, eu lhe chamo de mainha sim.
- Mas só tú, Carlinhos e Rom ilda deixaram de chamar jaime de painho e Lourdes de mainha, mas nunca mais me chamaram,nem a Rose.
- Mas o que aconteceu mesmo? que houve essa mudança?
- Vocês eramtudo pequeno, e Lourdes, Jaime e a gente, viviam muito junto, como os meninos de Lourdes erammais, prevaleceu o tratamento deles, eles chamavam a gente de tios e vocês também, começram a nos chamar de tios, e Jaime e lourdes de painho e mainha...
...como tú voltou a me chamar de mainha, todo mundo já sabe, depois do acidente, não sei o que aconteceu que um dia...
-A senhora é a mãe desse menino?
- sim sou, porque?
Ele chamou pela mãe a noite toda, até me deu vontade de dar uns puchões de orelhas nele.
- desculpa senhor, mas esse menino não fala.
- A senhora que pensa, ele enc heu o saco aqui essa noite.
-Meu Deus, então aconteceu um milagre, a quase 4 meses que esse menino não fala senhor, Netinho,Netinho, acorda meu filho.
-hum? Mainha?
-Sim meu filho, sou eu? tú tá falando meu amor?
-Mainha, mainha, onde eutô? o que aconteceu? eu tô lhe chamando e a senhora não aparece.
- Ô meu filho, tú tá falando, aconteceu um acidente, tú não lembra?
-Não, só lembro de ter ido tomar um banho no Oricó, na volta, subi na garagem de tio Vade, pra por uma luz na travessa de madeira, aí não me lembro de mais nada.
-Descansa meu filho, descança, depois te conto tudo que aconteceu, vou lá fora falar pra Edeval que tú tá falando, já volto,fique tranquilo, que todo mundo vai cuidar bem de você, moço, dá uma olhada nele pra mim?
-Olho sim senhora, fique tranquila que daqui,ele não vai fugir.
... E depois daquele dia, nunca mais tú me chamou pelo nome, uma ou outra vez que aconteceia, tú chorava muito e me pedia desculpas.
É tia Nai, Netinho quase morreu mesmo.
- Gente, não vamos lembrar dessa história, já que vai ter carne de graça lá em baixo no sábado,vamos afiar os dentes, tú vai ficara aqui até quando Jaiminho?
- Bom, se me couber aqui, vou ficar até sexta, e acho bom vocês irem lá pra baixo na sexta também, olha quem tá chegando, tio Rose.
- O que tú foi fazer em Ibirataia? Soube que aquela rapariga ganhou neném.
- Fui resolver um problema de polícia, Ném vinha aqui na roça me buscar, pegaram o vagabundo que roubou meu jipe, mandei gideon dar um banho nele,  e soltar.
- Rose, a gente vai lá pra baixo daqui a pouco, quero ver matarem o boi pro churrasco de amanhã.
- Não sei o que deu em papai com esse negócio de fazer churrasco.
- Semana passada, ele mandou de uma só vez 120 sacas de cacau, depois mandou mais ciquenta na segunda, e, tem pelo menos umas duzentas armazenadas, deve tá comemorando o corte de cacau desse mês, é justo, que tenha uma comidinha pra gente, afinal, ninguém é de ferro né? E, ele gostou de contar a história da vida dele, acho que ninguém nunca tinha se interessado, aí, de repente, eu me interessei, e, muitas outras pessoas se interessaram também...
- Separa essa parte de trás, pra eu mandar pra Vade, ele não vai poder vir pra cá hoje, o que sobrar,dá pra todo mundo. jeremias, vai atrás de Baiaco, faz tempo que eu pedi pra ele ir buscar verduras, e até agora nada.
- pra onde ele foi seu Braulino?
-Ele foi pra mulassada, se eu conheço Baiaco, deve ter parado em Clóvis e enchido a cara.
- Tá bom, vou atrás dele.
- Antõin da onça, tú vai lá na roça das pedras, tem umcacau mole na cama, dá uma olhada, que tô desconfiado,que tão me roubando cacau na cama.
- O senhor não quer que eu já bote ele no coxo não?
- Até queria,mas vai dar umas 30 cargas, e, como baiaco já levou dois burros e sumiu, uma mula tá lá em rose, não vai dar pra trazer tudo de uma viagem só, além disso, com essa correria aqui hoje, é muito dificultoso, só dá uma olhada agora e a tarde voltalta lá de novo, na segunda feira, traz tudo pra cá.Joaninha vem cá minha filha, tão precisando de ajuda pra lavar o fato do boi, Nai não vai vir ajudar não? Lêga já abriu a boca lá do outro lado perguntando se não quer que ela venha ajudar, é até bom, mas do jeito que ela grita...
...Eu tenho que arrumar tudo...
-Viva o Brasil sil sil sil, Dá-lhe Zico, Mengoooooooooooooo.
- Lá vem Baiaco bebado, vou dá uns sopapos nele agora.
-Deixa pra lá véi, tú sabe Baiaco como é, foi confiar nele...
- Eu não confio nele, é que gostava do pai dele, e, prometi a ele, que en quanto eu vivesse, Baiaco não ia sair de peto de mim.
-Sim véi, mas daí a mandar ele fazer as coisas com dinheiro, onde tem venda que vende cachaça...
- Cheguei Braulino, tomei todas, mas trouxe tudo que tú me pediu, tá aqui, todas as verduras que Mané Lotero cultiva na Mulassada.
- Cadê o Outro Burro Baiaco?
- Outro burro? Outro burro? Ah sim, o outro burro,o outro burro, eu devo ter esquecido lá em Clóvis, mas não se preocupa não, Jeremias tava indo pra lá, deve tomar umas cachaça e trazer ele.
Tú veio montado no meio desse buro, com todas essas verduras? depois que tú melhorar, a gente vai ter uma conversinha, e uma conversinha das boas.
- Acalma Braulino, depois a gente conversa, mas fica calmo.
- tú vai ver a calma, depois que tú melhorar, mas isso fica pra outra hora, hoje tem minha familia toda aqui, ou a maior parte dela.
- Manucão tá chegando com o povo de Vade.
- Ô vei, tú não falou que Vade não vinha?
- Pelo jeito, veio alguém, mas concerteza, não vai vir todo mundo, essa picape não cabe.
- Verdade, só veio os meninos de dene, Ilma, verinha, e Isis, Ah! Nilda também tá no carro e aquela amiga dela filha de Arizona.
- Tá chegando Zene com os menin os e Zilda, só que wilson não veio comZilda não, só Valquiria e Valtinho.
- Seu Braulino, já assei o primeiro pedaço de carne,trouxe pro senhor experimentar?
- Puxa saco! eu também me chamo Braulino, pro que você não me deu pra eu experimentar?
- O patrão é o Braulino mais velho, vc é rebarba Netinho.
- Mesmo assim assim, acho que você é puxa saco.
- Diz uma coisa, Zé Lotero é o que deMané Lotero da Mulassada?
- Nada, Zé Lotero é apelido, e Mané Lotero, na verdade, é Manoel Eliotério, ele veio com teu avô lá do aricangá, era conhecido desde o tempo de serrador do teu avô, acho até, que ele é parente do finado Jiló.
- Mas a senhora não vai lá pra baixo não? vovô perguntou se a senhora não ia ajudar, já chegou todo mundo, e, já tão comen do carne assada, tia Zilda trouxe cinco engradado de refrigerante, mas mesmo assim, ainda vai buscar mais na firma.
- Eu quero é tá longe dessa fuliada, Rose não já tpa lá em baixo com todo mundo, até gordo levaram pra lá.
Tão fazendo a festa com Gordo, além dele ser gordinho, é sabido pra caramba, todo mundo fica fazendo pergunta pra ele.
- Ficam abusando do meu filho.
-Tão querendo fazer um casamento dele com Samara, Joana tá falando, que é o par perfeito, ah mainha, tá todo mundo lá e a senhora vai ficar aqui sozinha, só de birra? Vamos também.
- tá bom, eu vou lá comer um pedaço de carne também.
- Gente! gente! olha o que eu encontrei, uma viola de dez cordas.
Essa viola foi o véi Braulino que fez no ano que Jairo nasceu, eu cheguei do hospital, e ele tava fazendo essa viola na cozinha de casa, na época, a gente morava na casa azul que foi de Artur.
- aquele moedor de cana que tá lá no quintal, debaixo do pé de manga, foi ele que fez também né Joana?
-Esse véi é inteligente, tudo que ele ver, e, dá vontade, ele faz um igual, essa carne tá um delícia, dá um pouco dessa salada pra mim.
- Quem fez esse feijão tropeiro? Nem antõin da onça,que é tropeiro,  faz um igual.
- O que tão fazendo lá debaixo dos pés de coco?
-Tão fazendo uma arquibancada, todo mundo vai querer ouvir as histórias do véi Braulino, e ele, tá se achando, muito empolgado com essa história de interesse de todo mundo.
- Atenção! atenção! hora de reunir todo mundo pro discurso!
- Discurso? vai virar comício agora é?
- Quieto, o véi vai falar agora! ele reunião a família, deve ter alguma coisa importante pra falar.
- Bem gente!, vocês estão todos aqui hoje, pelo menos a maioria de vocês, sei que por ccausa da chuva, nem todo mundo pode vir, mas parou de chover no final de semana, e a maioria conseguiram vir, sinto pela falta de Jaime e Nália, que não poderiam terem vindo mesmo, mas quem tá aqui, se alegrem,pois sei  que essa é a ultima vez que vejo vocês juntos, a idéia de fazer essa reunião,veio de Netinho, não que ele sugerisse a reunião em si,mas mostrou um interesse em saber do meu passado, que, eu ia lhe contar semana passada, mas deixei pra essa semana, pra saber exatamente se teria interesse em outras pessoas da família em saber, o que to vendo que tem, e, também, pra fazer essa festa e aproximar meus netos, bisnetos eb meus filhos também, tô feliz por isso, muito feliz mesmo, agradeço a Deus por todos vocês, agora! Chega de conversa, e vamos comer, quem já tá comendo, coma mais, quem não comeu ainda, comecem a comer.
- Bom, agora é hora de conversar com quem interessar saber de histórias...
- Mas são histórias com H, ou com E?
- Qual a diferença?
- Melhor não saber, o que o senhor contar, a gente acredita.
- Começa contando pra gente, aquela história do avião.
- Que história do avião?
- A do avião, é estória, estória com E.
Não sei qual a diferença entre essas histórias aí, mas pode saber, que a história é de verdade, eu tinha três meses de vida, tava mamando no peito de mamãe, quando veio um barulho esquisito, uma barulheira danada, e, pelo buraco da parede, eu via aquele aparelho passando lá em cima, com dois corta vento rodando em cada uma das asas.

"-Isso é que é estória, morro de rir toda vez que ouço, nasceu em 1909 e já tinha avião andando em cima da cabeça dele."
-Então o senhor era superdotado, com três meses de idade, já sabia falar, ou pelo menos entender alguma coisa.
- Inclusive saber que tinha três meses de idade, é mesmo uma lenda.
- Ele deveria ser grande,mas como não tinha uma idéia de tempo...
- Quando cheguei aqui na jacuba, aqui era bom de caça, por muito tempo, não comprava carne, todo dia tinha uma caça diferente pra gente comer, uma vez, fui caçar um macaco mas Artur, quando diz que o macaco virou homem,eu até acredito, pois eu nunca vi uma coisa daquela, o macaco só faltou pedi pelo amor de Deus pra eu não atirar nele, tadinho, quando eu mirei na testa dele, ele pôs as mãozinhas na frente, como se tivesse se defendendo,eu fiquei com tanto remoço, que fiquei quase um ano sem matar um macaco.
- Então o senhor acredita que o homem veio do macaco!?
- Dizem né? mas eu acredito na Bíblia, e, a Bíblia fala de Adão e Eva, mas que dá pra acreditar que o macaco virou homem, isso dá...
...Lá naquele canto de Rose, só vou lá de dia, e acompanhado, pois quando eu cheguei aqui, Artur era dono daquilo lá, a gente negociou e eu fui lá uma noite, pois, o trem ruim me pegou lá, quase me matou, toda vez que eu vou lá, uma coisa ruim acontece.
- Mas hoje tá diferente, já tem estrada pra lá,naquela época, tinha apenas um caminhozinho, que mal dava pra ir montado, hoje já vai até carro lá.
- É, mas aquela estrada deu tanto trabalho,quase que não saía...
... Empreitamos pra fazer a estrada até lá no relique, mas antes de chegar em Rose, quase que desistiram de continuar.
- O que aconteceu?
- Ah! Isso aí eu lembro, eu era pequeno, mas me lembro como hoje, queriam atravessar o trator por cima de duas madeiras por cima do rio, quando tava quase atravessando o rio, o trator deslizou e caiu dentro d’água, ficou lá dois dias, até trazerem outro trator, quando trouxe outro trator, o tratorista do outro trator viu marta, filha de seu Fulô...
- Eu conheço Marta.
... aí, quando a gente pensava que ia tirar o trator de dentro da água, os dois tinha fugido na noite anterior,ninguém viu mais, nem o tratorista, nem Marta, vovô...
- Eu fiz um ABC, contando sobre o casamento de Martinha e seu Valdivino.
- Lá em travessão, chegou uma cópia desse ABC, Renato que levou.
- E a estrada? Como ficou?
- O trator que caiu no rio, continuou dentro do rio, o outro, já tinha conseguido atravessar, do mesmo jeito que tentaram atravessar o primeiro, e ficou uma semana na porta de casa, depois de uma semana, veio outro tratorista, e puxaram o trator de dentro do rio, nesse meio tempo, já tinha cortado a madeira, e feito uma ponte, que não agüentava muita coisa também, vivia caindo, mas como era nova, agüentou atravessar os dois tratores, deu trabalho também pra cortar terra dentro da mata, 500 metros de mata bruta pra derrubar, depois arrancar os tocos, as estrada que era pra ser feita em uma semana,durou quase dois meses.
- Conta pra eles papai, porque a gente foi morar em travessão.
- Homem  de opinião é Didiu, quando a gente veio pra cá, não tinha rodagem, a gente ia pra Itamarati montado andando pelas picadinhas dentro dos quecengues e das matas até João Máximo...
... Daí, fizemos uma reunião, e decidimos trazer rodagem até aqui, quando Didiu soube...
- No dia que a rodagem chegar aqui, eu me mudo de vez e nunca mais venho morar aqui.
- Quer dizer, que tu não acredita que a gente traz a rodagem até a jacuba?
- Acredito, mas quando minhas coisas tiverem em cima de um caminhão.
-Então meu amigo, vai procurando um lugar pra tu morar, porque se Deus quiser, ainda esse ano, a gente sai daqui de carro, e tem mais, vou sair no meu carro, se tu não sabe, encomendei uma picape, uma picape branca.
...três meses depois, a gente tava terminando a ladeira de Clóvis, fazendo aquela curva de Rafael, Didiu...
- É homem, vou começar arrumar minhas coisas, pois daqui uns dias,boto tudo em cima de um caminhão, e vou embora pra travessão, mas também,n]ao carregar nada até aqui não, vamos fazer essa estrada até lá em casa.
...Didiu mudou pra travessão, foi a inauguração da rodagem, a mudança dele, abriu uma venda em travessão e se deu bem, já tinha uma vendinha aqui na firma, com outra no travessão, o resultado, foi ficar rico.
- Opa! Quem falou no meu nome aí, to por aqui mesmo.
- Jeronimo foi um dos quem mais ajudou pra fazer essa rodagem, mesmo depois que a gente passou pela roça dele,ele ainda continuou trabalhando com a gente,ao contrário de Artur, que quando a gente chegou na porta dele,ele parou de ajudar. Eta homenzinho ruim hein? Acho que de tão ruim, é que os ladrões viviam roubando ele...
... Ele tinha uma venda na beira da estrada, toda segunda feira, amanhecia roubada, a feira em Itamarati era,como ainda é, domingo, alguém ia pra feira, gastava o dinheiro com cachaça, e roubava as mercadorias da venda de Artur, um belo dia,ele armou uma tocaia, armou uma espingarda tico tico apontada bem pra porta, acontece que nesse dia, o ladrão não veio, quando foi na segunda feira de manhã,ele esqueceu da armadilha, e quando abriu a porta...
POWWWW!!!!!!!!!!!
- Socorro! Socorro! Alguém me ajuda, socorro!
- Que aconteceu seu Artur.
-Aquele ladrão descarado me acertou, eu vou morrer, socorro!
- Vai morrer nada, espera que eu vou chamar Zeca pra te levar pra Ubaitaba.
- Chama logo, ainda sou muito novo pra morrer.
... Na verdade, a espingarda tava carregada com sal, apenas pra ele pegar o ladrão,mas o desespero foi tão grande, que ele pensou que alguém tinha atirado de verdade nele.
- E o que aconteceu depois?
- A véa Vicência (sogra dele) limpou direitinho, fez um curativo com nódoa de banana da prata, e melhorou em dois dias.
- Meu pai já me contou essa história
- Rico, você trate de ficar quieto, peça pro teu pai, ou teu avô contar pra você a história da vida deles, essa pertence a minha família.
-Tá nervosinho seu Braulino Neto, fica nervosinho não.
- Vocês parem de discutir, Cidercino a noite ta chegando, manda acender as luzes.
- Não ta chovendo mais, hoje é noite de lua cheia, porque não deixa as luzes apagadas e a gente fica no clarão da lua?
- Legal, aí vem um lobisomem a põe todo mundo pra correr, ouvi falar, que seu Fulô ta virando lobisomem,.
- Cara! Aí serão dois lobisomem, pois tiofe também, vira, e ta vindo prá cá.
- Com o tanto de homem que tem aqui, lobisomem nenhum se atreve a chegar perto
- Que tal uma pausa pro café? Fiz um cafezinho fresco?
- Cafezinho? Com esse tanto de gente aqui, tú fala em cafezinho Joaninha? Temque fazer um barril de café.
- Deixa de ser bobo véi,claro que fiz café pra todo mundo.
-Menos pra mim e pra Carlinho, a gente não toma café.
- Eu também não tomo.
- Nem eu.
- Muito menos eu.
- Quem não toma café, tem chá de laranja, de erva doce e de capim cidreira.